Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2017

Turistando: Póvoa de Santa Iria

Cheguei à Póvoa de Santa Iria no passado sábado, ainda o sol não tinha nascido.      Com um ambiente muito calmo, pacífico e repleto de gatos a deambularem por um espaço deserto, o sol nasceu com tonalidades douradas que refletiam os barcos no rio e iluminavam a zona piscatória que, a pouco e pouco, começou a ter algum movimento com os pescadores a chegarem depois de uma noite de trabalho.      Todo o dia foi sossegado. Muitas pessoas aproveitaram o sábado para passear em família à beira rio, outras para desfrutar da paisagem no café.      Aprendi muito sobre os pescadores e o seu ofício. Acho importante sabermos que eles passam noites fora, seja verão ou inverno, faça frio ou calor, em trabalhos fisicamente exigentes. São eles que arranjam os seus materiais de pesca e que os compõe quando necessário. Há muito valor neste ofício desprezado.      Houve pescadores que confirmaram amor àquilo que fazem, que não se vêm a fazer outra coisa da vida. Há outros que sonham po

Telemóvel vs Máquina Fotográfica

     Antigamente era reduzido o número de pessoas que possuiam máquinas fotográficas devido às despesas que isso acarretava: comprar o dispositivo, os rolos, mandar revelar e posteriormente imprimir. Atualmente chovem fotografias por todo o lado.       Vejo turistas com os seus tablets e smartphones a disparar em todas as direções, estudantes a fotografar o seu estudo a toda hora, senhoras a eternizar as suas refeições, pedidos de casamento, férias nas Caraíbas, férias na China, trabalho comunitário, negócios fechados, festas de aniversário...  A imagem fotográfica dominou o nosso mundo de uma maneira avassaladora.      Pessoalmente gosto de fotografar com uma câmara fotográfica. Gosto de captar momentos que achei interessantes para mais tarde recordar, por isso tenho uma grande dificuldade em perceber como é que as pessoas se cingem a um dispositivo móvel para imortalizar os seus momentos. Então decidi fazer uma experiência. Saí à rua e durante 1h apenas fotograf

A Minha cidade transformada num fósforo

É com um aperto no coração que leio as notícias de uma nuvem de fumo que envolve Mangualde e eu, a 300km de casa, não posso fazer nada para além de esperar pelo sucesso dos bombeiros e por uma ajuda milagrosa do clima.      Saí de casa há uma semana. Estava calor como um dia de verão mas as folhas das videiras já começavam a ganhar o tom amarelado do outono. Saí de Mangualde com um céu limpo e um pôr do sol laranja forte que se despediu de mim com um breve 'até já'. Mas o laranja forte transformou-se em chamas e a pacífica cidade de Mangualde num fósforo.      Leio relatos, notícias e notificações das labaredas a atingirem cada canto do concelho e visualizo o inferno com um detalhe assustador enquanto tomo consciência de que todas as memórias visuais da minha querida casa estão reduzidas a uma escala de cinzentos. Hoje senti-me inútil. Incapaz de poder ajudar.      É nestes momentos que nos confrontamos com a aterrorizante realidade de que não conseguim

Dan Brown no CCB

     Foi no passado domingo, dia 15 de outubro, que os fãs portugueses dos policiais de Dan Brown se juntaram no Centro Cultural de Belém para o lançamento do novo livro "Origem", no qual não faltou humor, notalgia, religão vs. ciência e a típica crítica ao Presidente dos EUA.       "Will god survive science?" foi um dos diversos temas abordados ao longo de um discurso carismático e erudito que prendeu uma plateia de 1500 pessoas ao longo de 60 min.      Destaco assim 3 momentos:      1. Segundo o escritor, este novo livro baseia-se muito na arte moderna pela qual o autor tem um grande fascínio, apesar de admitir que às vezes chega a pensar " Why is that art? I could do it myself ". Deste comentário resultou a resposta " But you didn't! " de um dos artistas.      Um dos locais de inspiração foi o Guggenheim de Bilbao.      2. Um outro aspeto que fez com que a plateia portuguesa aplaudisse ainda com mais força foi com

Escrito na Água - Paula Hawkings

Muito mais complexo que "A Rapariga no Comboio".      Paula Hawkings conseguiu cativar-me no seu 1º livro com uma tática de escrita distinta das usuais. "A Rapariga no Comboio" é um policial repleto de mistérios, segredos e 'apagões' contado por 3 mulheres.       Neste 2º livro Hawkings joga com diversas personagens e os seus pontos de vista perante os acontecimentos. Inicialmente é complicado entrar numa leitura coerente devido às datas e aos diversos capítulos/pessoas. É um livro que exige ao leitor muita atenção o que fez com que me sentisse uma autêntica detetive.      As personagens estão muito bem desenvolvidas - o seu passado, as suas consequências no presente, etc... existindo um leque de intervenientes na história muito maior do que n'A Rapariga do Comboio". Destaco duas que me captaram mais a atenção: a Nickie - simpatizei de imediato com ela , não sei se por ter uma aura de mistério a envolvê-la ou simplesmente porque o nome é

Até um dia

A vida é um incrível instante entre um abrir e fechar de olhos.      A minha avó Graziela tomava conta de mim enquanto os meus pais davam aulas. Tínhamos uma rotina. Varrer a casa, limpar o pó, fazer a cama da maneira que só ela sabia fazer e depois ela deixava-me almoçar no alpendre para eu poder ver os aviões.  As memórias são o único paraíso do qual não podemos ser expulsos.      Foram 91 anos recheados das mais diversas aventuras, num seio repleto de amor entre família e amigos.      E hoje estamos tristes por a termos perdido, estamos tristes por não voltarmos a ver aquele sorriso, ouvir aquelas expressões tão próprias dela que nos faziam rir mesmo em situações menos indicadas. Ontem nasceu mais uma estrela no céu.      É a minha avó a fazer os seus famosos pastéis de Santa Clara para o meu avô que está sentado na poltrona a ler sossegadamente.      Até um dia avó, e toma conta do Kappa por mim. KAPPA