UNIVERSITÁRIA EM APUROS IV

É triste recomeçar assim outra vez mas... Lisboa continua igual e, cada vez mais, acho que é uma cidade irremediável.

O barulho é ensurdecedor, a quantidade de gases no ar é sufocante, o stress é excessivo e a natureza é diminuta.

Corre-se para apanhar o comboio, corre-se para apanhar o autocarro, corre-se para apanhar o metro... e se por acaso pararmos para apertar os atacadores já perdemos o transporte. Mas o mais enervante disto tudo são as pessoas que são extremamente mal educadas e que descarregam o seu mau humor em cima das outras: "Saia lá da frente!" "Importa-se de me deixar passar ou sou assim tão gorda?" "Eu cheguei primeiro portanto eu entro primeiro!". É um mar de esteria como se fossem crianças a discutir por um rebuçado.

Tenho saudades de casa. Saudades de coisas que nunca reparei. Saudades de uma brisa silenciosa e pura, do som dos pássaros, dos cães e de vez em quando de pessoas. Tenho saudades de sair de casa apenas 5 minutos antes do toque de entrada. Tenho saudades de passear por Mangualde sem precisar de um mapa, sem precisar de um pass, sem precisar de olhar para o relógio para confirmar os horários. Tenho saudades da vivacidade das cores, da natureza... até dos mosquitos tenho saudades.

Tenho imensas (mas mesmo imensas) saudades dos meus cães e dos meus gatos. Agora percebo o quanto de bom eles trouxeram para a minha vida e quanta felicidade me proporcionam. Um olhar, uma reação, um simples movimento deles enche-me o coração. Acima de tudo tenho saudades da vida que sempre vivi e que não posso continuar a viver porque, infelizmente, em Mangualde não há cinema.