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Universitária em apuros III

Já está a acabar o semestre e Lisboa continua igual.

    Por dia, ando com 50 pessoas no autocarro, 300 no comboio e mais 400 no metro. Todas são diferentes, todas estão ali por motivos diferentes e ninguém se importa nem comenta a presença de cada uma. Os motoristas dos autocarros aceleram e travam como se estivessem no rali - já vi uma velhota cair desamparada - o barulho dos motores e as buzinadelas continuam insuportáveis e os condutores ainda não perceberam que dentro das localidades não se pode ultrapassar os 50km/h. Mas o que mais me choca são as pessoas passarem umas pelas outras e não dizerem nada. Apenas passam, como se passassem por meras árvores ou caixotes do lixo.
    Ainda assim eu tenho-me adaptado bastante bem. Já não fico a olhar para os ecrãs do comboio a decidir se devo ir para o Rossio ou para Sintra, já não saio de casa 3h antes com medo de me atrasar e já não me levanto 2 estações antes da minha com receio de não conseguir sair. Acima de tudo aprendi que quando se sai do metro no Chiado não se pode parar nem olhar para trás se não somos comidos, engolidos, espezinhados e triturados por um magote de pessoas.
    Mas uma coisa é certa, eu não deixo de cumprimentar quem passa por mim, nem os motoristas dos autocarros, nem as senhoras das limpezas... porque isso é ser-se bem educado e é bom ver as pessoas sorrir, afinal não são transparentes para toda a gente.